16º dia – Puerto Tranquillo-Cochrane (Caminhada no Glaciar Exploradores)

Ontem final de tarde encontramos dois casais de brasileiros. Após uma breve conversa eles resolveram ficar no mesmo hostal em que estávamos, e combinamos de jantar junto para batermos um papo. Flávio e Ana Beatriz de Canoas-RS e Clara e Libório de Porto Alegre-RS. Uma conversa super agradável com pessoas que como nós gostam de conhecer lugares novos.

Hoje acordamos cedo para ir fazer um passeio. Tínhamos que sair as 7hs pois tínhamos marcado cedo com a agência de turismo, pois hoje ainda teríamos que seguir um trecho da estrada para não atrasarmos o nosso cronograma, e o passeio incluindo ida e volta da Vila demoraria 10 horas. Ao chegarmos ao local de saída do passeio, descobrimos que eles não cumpriram com a promessa, e tivemos que esperar 1hora e meia para iniciar o trajeto. No final deu tudo certo, mas atrasou todo o nosso dia.

Este passeio é a Caminhada no Glaciar Exploradores. Ele não estava como certo em nossa programação, pois precisaríamos de um dia inteiro (são 52km de estrada de chão, aproximadamente 3 horas ida e volta da vila até o Refúgio, que é o local onde ficam os guias, e mais 7horas de caminhada) e precisaríamos de preparo físico também, afinal 7 horas são 7 horas, e sabíamos que o trajeto era exigente. Mas, depois de fazermos a subida do Ventisqueiro Colgante nos animamos, pois não foi tão difícil assim. E também como sobrou um dia que estava programado para Coyhaique e não foi necessário, nos animamos mais ainda.

Tínhamos então nos preparado para ontem fazer este passeio, e hoje faríamos as Capillas de Marmol e depois seguiríamos viagem, mas como o carro deu problema tivemos que inverter.

A caminhada começa com uns 15minutos em uma floresta úmida e gelada, mas não demora muito para começar o suor. Após vem a subida de mais uns 15 minutos para o mirante, uma parte com escadas feitas de madeira e outra através de pedras irregulares (isso mesmo, as pedras formam os degraus, e de apoio um corrimão). Em cima do morro está o mirante. Até aí pode-se fazer o passeio sem guia. É o mais conhecido, pois é rápido e o único desgaste são as pedras. Mas, muita gente não indica este passeio, pois a vista não é lá grandes coisas (comparado com o tempo de vir ao refúgio e de subir a trilha) e ainda tem o risco de não se ver nada por causa da névoa.

Mas o nosso percurso continuava dali. Após o mirante (quando estivemos ali também não vimos direito o glaciar, pois o tempo estava nublado), tivemos que descer o morro também em pedras. Aliás, elas fizeram parte de todo o percurso.  Assim que se desce, atravessa uma área mais plana ao lado de uma lagoa, e então já se entra no que eles chamam de gelo sujo. É uma área que mistura pedra e gelo. Ali exige cuidado pois as pedras não estão firmes e onde tinha gelo, escorregava. Com 2 horas e meia de caminhada chegamos ao final do gelo sujo. Ali tinha uma estação metereológica. Estão fazendo um estudo para saber a causa deste glaciar estar diminuindo 5cm por dia. Ele está muito ativo, e sentimos isso assim que chegamos ali.  Ouvimos um barulho de gelo se rachando em baixo de nós. O guia se assustou, imagina nós? Ele disse que ouve sempre longe, mas que nunca tinha presenciado assim perto.

Ali fizemos um lanche, colocamos uma blusa mais quente e os grampones (grampos que são presos nas botas para permitir a caminhada pelo gelo), e seguimos pelo glaciar, agora sem as pedras. Foram duas horas andando por ele, batendo foto e se deliciando da paisagem. Foi a realização de um sonho: Andar sobre um glaciar. Esta vontade está presente desde que conhecemos o Glaciar Perito Moreno, e agora realizamos. Mais um objetivo alcançado! Era sorriso de orelha a orelha.

A volta é pelo mesmo caminho da ida, mas é mais rápida, fizemos em 2 horas, pois já estávamos quase íntimos com aquele tipo de terreno.

A estrada que vai e volta da Vila Puerto Tranquillo para o refúgio é a X728. Ela não está muito boa, muitas costeletas. E ela vai costeando lagos e rios por boa parte do percurso. O trajeto é lindo, mas exige cuidado.

A empresa que realiza esta caminhada é a El Puesto. É a única, pois o terreno do refúgio até o mirante é deles. Do mirante em diante é Parque Nacional, mas o acesso a ele é privado, então não há concorrência.

Voltando para a Vila, abastecemos e seguimos viagem até Cochraine.  Nossa meta inicial era pernoitarmos hoje em Puerto Yungay, mas devido as trocas dos passeios, hoje só conseguimos chegar a Cochraine.

Foram 113km em 2 horas. A estrada após o trevo para Chile Chico piorou bastante. Muita costeleta, que fez reduzirmos a velocidade, pois o carro mesmo tracionado tentava sair da estrada.

Chegamos às 21hs na cidade. Conseguimos um hotel bem no centro. Bonito por fora, mas deixando a desejar por dentro. Chuveiro e internet ruim. Hoje precisávamos de um lugar melhor para recarregar as baterias, mas não tínhamos mais opções. Pegamos a última vaga do hotel, e no dia seguinte, pela conversa que ouvimos, suspeitamos que uma família tinha dormido no carro, pois não achou mais vaga na cidade.

Hoje foi o dia mais cansativo da viagem, pelo passeio, pela estrada, por acordar muito cedo, por chegar tarde ao hotel, mas foi o passeio mais fantástico (me faltam palavras) até agora.

As outras fotos, como sempre, quando melhorar a internet.

Abçs